quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Eu Bibliotecária

Quando era criança e me faziam a pergunta habitual "O que você quer ser quando crescer?" eu não respondia que queria ser bibliotecária... 
(este texto aqui tem uma bela explicação para isso)

Já quis ser professora, psicóloga, modelo, cantora, uma grande executiva (na época isso só significava andar de tailleur carregando uma pasta e ser muito poderosa).
Então no preparatório para o vestibular deparei-me com um velho problema: não conseguia escolher uma única coisa.
Alguns podem taxar de "falta de personalidade" ou "pessoa que não sabe o que quer"... é meio verdade, mas é verdade também que eu sempre quis tudo!! Quero saber de tudo, conhecer tudo, estar em tudo, ler tudo, SER TUDO!

Logo surgiram desejos por cursos como Psicologia, Ginecologia e Obstetrícia, Veterinária, Jornalismo, Publicidade, Matemática, Artes Plásticas ou Cênicas, Arquitetura, Física, Ciência Politica...
Percebeu alguma ligação entre eles? Nem eu, este é o problema. 

Lembro-me que um dia no cursinho um professor me falou de um curso que, talvez como você, eu não sabia que existia, nem para quê servia. Explicou que era para trabalhar com livros e com informação, disse que a área de atuação era ampla, pelo menos nos grandes centros, e também disse que a concorrência era menor, pois as pessoas não conheciam, bem como na hora de concorrer em concursos a competição também era menor. Bingo!
Para alguém que tem dificuldade de concentração, não tinha dinheiro para gastar em cursinhos por muito tempo e adorava ler, pareceu a opção ideal para o momento (sim, porque eu ainda pensava em fazer uma segunda graduação depois de "estabilizada" profissionalmente).

Passei no vestibular e não houve muita comemoração por parte da minha família... eu que passasse em Direito, Medicina, Engenharia ou mesmo Letras, que era muito mais fácil na ocasião, ganharia talvez muito menos que como Bibliotecária, mas tinha NOME.
(percebeu que nenhum desses "nomes" acima eu mencionei antes dentre minhas possibilidades?)

Dane-se os nomes!!
Nenhuma dessas profissões seria bem sucedida sem o apoio informacional. A base da educação e pesquisa é a informação e de nada adiantaria produzir conhecimento se este não fosse organizado de modo a poder ser encontrado quando necessário.

O fato é que escolhi, passei, me formei e nunca fiquei desempregada (mas também não ganho tanto quanto um Engenheiro, ou Médico... escolhas!)
Hoje gosto muito de ser bibliotecária... me visto com  tailleur às vezes, posso dar aulas se quiser (aliás, pretendo um dia) e sei dar valor à minha profissão.
Entrei na faculdade apenas querendo uma graduação para concurso, como a maioria lá, mas me apaixonei pelo que faço e creio que a maioria dos formados pense da mesma forma hoje. 

A profissão é antiga, talvez uma das mais antigas, mas ainda há muito a ser melhorado. A classe profissional precisa se unir, não temos piso salarial digno, não há reconhecimento, sobretudo num país ainda em desenvolvimento... mas principalmente, precisamos evoluir muito no quesito marketing profissional.
Não há como ser reconhecido se a própria classe prefere ficar reclusa e se inferiorizar.

Bibliotecários de todo o Brasil, MOSTREM-SE!!
Seja a mudança que você espera para o mundo.



Ontem no evento de comemoração dos 50 anos da BCE/UnB. Ao meu lado a grande Iza Antunes, ex-presidente da ABDF e Jefferson Higino, atual presidente.


Ps: a ABDF recruta afiliados e também bibliotecários que possam ajudar no trabalho voluntário que a Associação presta.

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